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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sobre o Fórum de Cultura


Por Fábio Emecê (*)

Comentar sobre fatos que são considerados históricos devido a sua importância em determinado momento, pode se tornar o exercício do usual e do clichê. As pessoas ressabiadas diante a participação, talvez não entendendo ou não querendo se comprometer com as palavras ditas de maneira demasiada, apelam para o usual e o clichê. Pois bem, o exercício agora é falar sobre o Fórum Municipal de Cultura. Será que fugirei do usual e do clichê?


Cabo frio tenta se movimentar no mar caudaloso da Cultura com as mudanças de comando na gestão cultural. Sem entrar no mérito da funcionalidade de uma Coordenadoria, há de se convir no esforço das pessoas que estão trabalhando nessa gestão e a competência em estar conduzindo o processo que pode ser chamado de novo.

O processo de construção do Fórum com os pré-fóruns divididos nos eixos pré-estabelecidos foi interessante no sentido de proporcionar a discussão em sentido coletivo, em que múltiplas vozes poderiam se expressar. A intenção foi boa, porém a prática, a prática… Aí eu não sei se é um processo cabo-friense ou das pessoas de maneira geral, mas a adesão ainda não foi significativa no sentido de lotar as discussões.

Há um discurso comum em que se diz que Cabo Frio é um grande celeiro de artistas, só que na hora da discussão eles não aparecem. Seja por desconfiança, por desanimo, por não acreditar, por não ter o que dizer, por acreditar na prática da práxis, enfim, esse grande celeiro às vezes não se justifica. Não houve discussão? Lógico que houve. Existiram pessoas que acreditaram nas discussões e fizeram o processo correr.

Com essa variação de participação, o processo poderia ser amplamente manipulado pelos recalcados, espezinhadores e conservadores de plantão que não admitem repartir o bolo que há tanto tempo é de um só sabor. Essas pessoas preferiram ignorar o Fórum ou ataca-lo dizendo que o processo foi antidemocrático.

Ainda bem que eles tiveram essa postura, pois abriu espaço para uma gama de pessoas mostrarem competência e formularem propostas que fugiram do lugar comum e propunham um avanço qualitativo.

Quer dizer, foram “poucos” artistas que se dispuseram a discutir? Sim. Só que foram esses poucos que estavam ansiosos para mostrarem o seu conhecimento e não caíram na mesquinharia da gestão pública cabo-friense.

E dentro de inúmeras provas que se pode afirmar o que foi dito acima, a reação da plenária ao SEBRAE e sua visão mercantilista da cultura merece o devido registro e pode ser considerada surpreendente, demonstrando um grau de consciência elevado no processo participativo.

Houve discussão sobre o laicismo do Estado e a tendência neo-pentecostal que anda se sobressaindo nos espaços públicos municipais ultimamente. Boa discussão que culminou numa moção de repúdio. Como juízes, governadores e pastores jamais perceberão nossas dores, a reação mais plausível do artista que se sinta lesado com essa prática é tomar as providencias cabíveis e continuar exercendo a sua arte.

E a não participação dos comissionados na área cultural? O que dizer? Para eles além da moção de repúdio, há outro recado: o bolo está mudando de sabor, tratem de ajustar seus paladares!
Entre afirmação de identidades, busca por holofotes e competência para gerir o processo, Cabo Frio ganhou e pelo andar da carruagem o documento final aprovado na plenária com moção de aplausos não irá para a gaveta. E afirmo isso a favor dos homens e mulheres que estavam no pleito.

Cabe ao gestor público legitimar o processo e referenda-lo com sua caneta executiva. Cabo Frio está pronta para mais esse avanço?

E para fechar, que venha a Fundação!

(*) Juventude Negra N’Atividade

FONTE: http://www.blogdototonho.com.br/


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